1. |
sala de recordações
05:12
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sala de recordações
eu tava consertando a porta da minha sala de recordações
cenas de mil novecentos e noventa projetadas nas televisões
embaixo da lâmpada fria o corpo ensanguentado do meu avô
os ratos roem as missivas de amor que ele nunca enviou
eu tava consertando o motor do meu refrigerador
sonhos frágeis dormem congelados sem dia pra despertar
eu tava tirando a ferrugem dos gonzos
e no teto, fantasmas arrastam os chinelos
a tempestade abala as bases
do lugarzinho isolado
na menor rua da cidade
e eu temo sim
que ele desabe sobre mim...
eu tava consertando a porta da minha sala de recordações..
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2. |
degenerar
05:45
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estirado no meio do chão da sua sala
tentando entender o significado da minha existência
tentando ser mau na velocidade da autoestrada
fumando cigarros
ensopados de sangue
embebidos em um mangue
eu estou penetrando os cantos mais sórdidos da sua mente
eu estou escondendo tudo que há de mais sagrado
computando palavras, preso em platonismos
vomitando nas flores que perfumam seu quarto
tocando seu cabelo com cegueira e petulância
acoplando em seu dorso como uma rocha desastrada
vendo o hedonismo no seu rosto e a eternidade desmanchada
vamos degenerar, meu amor, vamos degenerar
vamos degenerar, sem dor
essa verdade obvia escorre pelas paredes
homens sensíveis estão sepultados no seu assoalho
os anacoretas fizeram um voto de silêncio eterno
os foliões estão fodendo com o seu cérebro
E a voz no centro da sua cabeça
nunca vai precisar gritar
nenhum sentimento humano
vai te fazer parar
vamos degenerar, amor, vamos degenerar
sem dor.
TREPANDO NAS ARVORES MAIS ALTAS
AGUARDANDO AS PRóXIMAS ESTAÇÕES
AS SUAS PIORES CANÇÕES TEM A COMPANHIA DOS VENTOS
EU NÃO POSSO SUPORTAR
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3. |
louise
03:37
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Louise
é triste
eu ter que confessar
pra alguém que nem existe
cerrando os olhos
quebrando as vitrines
aos socos
na noite
e os crimes
Louise
ninguém vai solucionar
meus tiques nervosos
não cessam um segundo
to tremendo
de ódio
mas nada vai vingar
suas meiguices
compreendes
que o doce da dor
está nos chistes
que contas ao rires de mim
Louise
eu tento
te acertar daqui
com meu revolver
mas você tá tão longe
que eu prefiro me deitar
sem descarregar
minha arma
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4. |
pescoço de tulipa
04:20
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intoxicado
desviando de carros
correndo de cães
despistando a polícia
noite a dentro
guela abaixo
brasa em cima
da ferida
pensei num ato mórbido, definitivo
deitar nos trilhos
em uma eterna letargia
pensei na morte lenta
no fim dos tempos
no envelhecimento
em coisa que eu nunca acreditaria
eu calculei os meus estragos
eu fiz meu rosto velho na pia
em cada ruga em cada pegado
uma criança em agonia
e tudo vai rápido
muito rápido
extramemente rápido
e eu não sei se sofro rindo
sorrindo sofro
e assim de chofre, chorei
estamos velhos
super velhos
completamente velhos
porque lavamos pratos
com nossas lágrimas
e limpamos o chão com suor
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5. |
o choro das baleias
03:32
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eu tentei salvar césar da primeira vez
e não consegui, ele se foi e nem me despedi
eu tentei salvar o dia e o perdi
e o tempo ri enquanto a gente morre
eu sou triste como o choro das baleias nos confins
eu tentei olhar nos seus olhos da primeira vez
mas você morreu logo em seguida
eu tentei perguntar o que você queria
mas você não viu saída, a não ser me odiar e me esquecer
você é triste como o choro das baleias nos confins
somos tristes como o choro das baleias nos confins
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6. |
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(instrumental)
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