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Ermo

by Omar

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1.
sala de recordações eu tava consertando a porta da minha sala de recordações cenas de mil novecentos e noventa projetadas nas televisões embaixo da lâmpada fria o corpo ensanguentado do meu avô os ratos roem as missivas de amor que ele nunca enviou eu tava consertando o motor do meu refrigerador sonhos frágeis dormem congelados sem dia pra despertar eu tava tirando a ferrugem dos gonzos e no teto, fantasmas arrastam os chinelos a tempestade abala as bases do lugarzinho isolado na menor rua da cidade e eu temo sim que ele desabe sobre mim... eu tava consertando a porta da minha sala de recordações..
2.
degenerar 05:45
estirado no meio do chão da sua sala tentando entender o significado da minha existência tentando ser mau na velocidade da autoestrada fumando cigarros ensopados de sangue embebidos em um mangue eu estou penetrando os cantos mais sórdidos da sua mente eu estou escondendo tudo que há de mais sagrado computando palavras, preso em platonismos vomitando nas flores que perfumam seu quarto tocando seu cabelo com cegueira e petulância acoplando em seu dorso como uma rocha desastrada vendo o hedonismo no seu rosto e a eternidade desmanchada vamos degenerar, meu amor, vamos degenerar vamos degenerar, sem dor essa verdade obvia escorre pelas paredes homens sensíveis estão sepultados no seu assoalho os anacoretas fizeram um voto de silêncio eterno os foliões estão fodendo com o seu cérebro E a voz no centro da sua cabeça nunca vai precisar gritar nenhum sentimento humano vai te fazer parar vamos degenerar, amor, vamos degenerar sem dor. TREPANDO NAS ARVORES MAIS ALTAS AGUARDANDO AS PRóXIMAS ESTAÇÕES AS SUAS PIORES CANÇÕES TEM A COMPANHIA DOS VENTOS EU NÃO POSSO SUPORTAR
3.
louise 03:37
Louise é triste eu ter que confessar pra alguém que nem existe cerrando os olhos quebrando as vitrines aos socos na noite e os crimes Louise ninguém vai solucionar meus tiques nervosos não cessam um segundo to tremendo de ódio mas nada vai vingar suas meiguices compreendes que o doce da dor está nos chistes que contas ao rires de mim Louise eu tento te acertar daqui com meu revolver mas você tá tão longe que eu prefiro me deitar sem descarregar minha arma
4.
intoxicado desviando de carros correndo de cães despistando a polícia noite a dentro guela abaixo brasa em cima da ferida pensei num ato mórbido, definitivo deitar nos trilhos em uma eterna letargia pensei na morte lenta no fim dos tempos no envelhecimento em coisa que eu nunca acreditaria eu calculei os meus estragos eu fiz meu rosto velho na pia em cada ruga em cada pegado uma criança em agonia e tudo vai rápido muito rápido extramemente rápido e eu não sei se sofro rindo sorrindo sofro e assim de chofre, chorei estamos velhos super velhos completamente velhos porque lavamos pratos com nossas lágrimas e limpamos o chão com suor
5.
eu tentei salvar césar da primeira vez e não consegui, ele se foi e nem me despedi eu tentei salvar o dia e o perdi e o tempo ri enquanto a gente morre eu sou triste como o choro das baleias nos confins eu tentei olhar nos seus olhos da primeira vez mas você morreu logo em seguida eu tentei perguntar o que você queria mas você não viu saída, a não ser me odiar e me esquecer você é triste como o choro das baleias nos confins somos tristes como o choro das baleias nos confins
6.
(instrumental)

credits

released July 27, 2016

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Omar Campo Grande, Brazil

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